Heroísmo é Botulismo Curadoria: Érica Burini

Ateliê397
São Paulo / Brasil
Agosto 2025

Inspirada em uma anotação de Virginia Woolf — que certa vez redefiniu “heroísmo” como “botulismo” e “herói”como “garrafa” —, a mostra explora narrativas alternativas que desafiam os contos tradicionais de conquista e dominação. A exposição tem suas raízes conceituais em textos feministas e ecológicos, particularmente em A Ficção como cesta: uma
teoria, de Ursula Le Guin, que propõe a substituição de mitos heróicos por histórias de encontro e colaboração. A antropó-loga Anna Lowenhaupt Tsing expande essa ideia, vinculando as consequências tóxicas do heroísmo em narrativas históri-cas à devastação ecológica do Antropoceno.
Aqui, o “botulismo” serve como metáfora para a paralisia causada por sistemas opressivos — do colonialismo ao capitalis-mo mais atual.
Entre os trabalhos em destaque está o projeto colaborativo Golden Snail Opera, de Anna Tsing, Yen-Ling Tsai, Isabell Carbonell e Joelle Chevrier. Esta peça multimídia, que combina vídeo e texto performático, documenta agricultores taiwa-neses — principalmente mulheres — que rejeitam pesticidas em favor de soluções cooperativas e multiespécies para a invasão do Caracol Dourado, uma espécie trazida a Taiwan com intenções econômicas mal-sucedidas.

Os artistas participantes — Camila Rocha, Darks Miranda, Frederico Filippi, Gio Soifer, Juliana Fausto, Licida Vidal, Mer-ve Ünsal, Jarbas Lopes, João Machado, Joe Buggilla e Jorge Menna Barreto — se juntam a sementes, plantas, sumidouros,
abelhas, espécies companheiras (ou não), paisagens inteiras, para abordar temas de entrelaçamento, decadência e resili-ência, ecoando o apelo de Donna Haraway para “ficar com o problema” em um mundo danificado


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https://atelie397.com/heroismo-e-botulismo/


Mark
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